Oh, o quanto eu gostava de
encontrar um sentido para a minha vida. Mas como hei-de eu fazê-lo se ainda
não escolhi, sequer, a direcção?
Estou parada numa
encruzilhada de caminhos que, de longe já vejo, não me levarão a lado nenhum.
São falsas promessas, que cansam o corpo e esvaziam a alma.
Porque não posso tentar
ser no sonho; ele que se vai perdendo, com a necessidade de fazer parte de um rebanho
que olvida o caminho.
E é a ganância de uns, que
vai matando o serei de outros. "Serei...". Serei o que eles me
disserem que seja, em nome da sobrevivência.
Porque a mais pura das
artes é fraca. Não tem ganância, nem inveja. É, por ser; é, por se fazer ver;
é, por se fazer ouvir; é, por se fazer sentir. É, por viver.
Não posso ser no sonho;
não: porque não me dá sequer para comer. E, então, viverei no pesadelo: de
tentar ser aquilo em que nunca acreditei.