Ela


Perdeu toda a fé:
No aqui, e agora;
No amanhã, e para sempre.
Resta o que teve:
No ontem, e no passado;
No acabou, e nada mais há a fazer.
E foi no que teve que a perdeu: a fé.
Por hábito de ter,
Tão preguiçosamente ter,
Perdeu – perdendo-se.
E leva consigo as sobras,
Por conta de um peso sem medida,
Para o lado nenhum, de uma parte que é inteira.
E implora,
A ninguém mais do que a si mesma,
Pela brilhante luz da redenção.
Dos Homens;
De Deus;
Do Diabo: pouco importa.

(No vazio, desse espaço de fé,
Não tem, sequer,
Diabo que a carregue.
Sozinha não vai.)

Porque não crê:
É infeliz.