As
palavras não me enchem a alma: sou eu que as encho, a elas. As palavras, sem a (minha)
alma, são ocas, vazias: são nada. E é pela alma que te chegam as palavras que
te deixo.
Diz-se, por aí, que a alma, tal como
as palavras, se vê pelos olhos. Eu, antes, tal como às palavras, vejo os olhos
pela alma. E foi sempre com a alma – com essa alma com que vejo – que te vi. Vi-te
porque te senti – mais dentro do que os olhos podem penetrar. E foi ao ver-te,
que te escrevi, a alma.
Deixa-me continuar a ver-te pela
alma, porque o que os olhos me mostram é pouco, fraco, e miserável. Se tiver
que te ver pelos olhos, esses que dizem ser o espelho da alma, então prefiro
cegar.