Coração de Viana

     O coração de Viana está frio como a noite que sobre ela cai. Arrepiante vento, que trespassa as vestes e levanta todo o pêlo que nesse corpo permanece.
     Do sol que já brilhou, faz agora poucas horas, nada resta. Veio de manhã, para encher o copo da noite anterior, e foi cozinhando a lume brando. Chegou o fim da tarde e foi-se embora o sol - não entendo isso que os impede de estarem juntos na mesma sala. Foi-se embora o sol, foi esconder-se para lá das cortinas do horizonte enquanto, da mesa dos solteiros, se levanta a noite. Solteira dança pelas artérias e faz penetrar o frio. E, agora, sinto-o demasiado vazio: o coração de Viana.